Bolt acelera crescimento de olho em GD, leilão e importação de energia

By Marilia Criscuolo In Bolt Labs

09

maio
2025

Com um faturamento superior a R$ 1 bilhão, a Bolt Energy acelera seu plano de crescimento no País, em diversas de suas áreas de atuação. Enquanto avança em sua atividade de geração distribuída (GD) e energia por assinatura, a empresa se prepara para disputar contratos no leilão de reserva de capacidade que o governo planeja fazer ainda este ano. Em outra frente, busca crescer nas operações de comércio internacional de energia, seja com a Venezuela, de onde importa energia para atender Roraima, seja de Uruguai e Argentina.

Em entrevista ao Broadcast Energia, o diretor presidente da Bolt, Gustavo Ayala, destaca a estratégia de crescimento no segmento de varejo, a partir de sua de empresa de energia por assinatura, Bow-e, fundada em 2022 e que vem passando por rápida expansão. “A Bow-e cresceu muito rápido. Investimos R$ 37 milhões até agora e vamos investir mais uns R$ 6 milhões, até que ela comece a andar sozinha, o que deve ocorrer até junho”, diz Ayala.

A empresa oferece energia proveniente de mini usinas de GD com descontos, em média, de 10% a 15% em relação às tarifas das concessionárias locais de energia. A empresa encerrou 2024 com dez mil clientes e 7.300 megawatt-hora (MWh) assinados e pretende seguir expandindo. A meta é que a empresa possa representar até 20% das operações do grupo nos próximos dois anos, o que equivale a um faturamento aproximado de R$ 360 milhões.

Para isso, o plano passa por ampliar o número de usinas arrendadas e expandir a atuação geográfica. Dos atuais 60 megawatt corrente alternada (MWac) em operação, a Bow-e espera chegar ao fim do ano com 120 MWac, e a 150 MWac ao longo de 2026. Após ingressar na Bahia no início deste ano, o objetivo é avançar em outros estados onde já atua, como Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. A área de cobertura atualmente inclui ainda Mato Grosso, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

Todas as usinas a serviço da Bow-e estão enquadradas com subsídio que garante maior vantagem econômica (GD0 e GD1) para os envolvidos, por se valerem das regras anteriores a Lei 14.300, de 2022, conhecida como marco regulatório da GD, e que estabeleceu mudanças no sistema de compensação dos créditos da energia.

Após a expansão prevista, Ayala espera que a ampliação da empresa venha com a abertura do mercado livre para os consumidores de baixa tensão. Em abril, o Ministério de Minas e Energia apresentou uma proposta que prevê a liberalização a partir de março de 2027 para indústrias e comércio, ampliando às residências em março de A expectativa é de que uma Medida Provisória seja publicada até o fim do mês.

“Esse cliente pequeno se confunde com o cliente da Bow-e, ele não quer saber de quilowatt, não entende, nem quer entender, quer uma coisa simples para poder fechar negócio”, diz.

Importação
Outra frente de aposta da companhia é a comercialização internacional de energia. Atualmente, a Bolt é a comercializadora responsável por importar energia da Venezuela para Roraima, único Estado do País que não é conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

A empresa tem permissão para importar cerca de 15 megawatts (MW), ou 7,5% do consumo do Estado, e a intenção da companhia é obter autorização para dobrar o volume permitido para 30 MW, o que já foi solicitado ao Ministério de Minas e Energia. “No segundo semestre, poderíamos suprir Roraima inteiro (200 MW)”, disse.

Ayala afirma que mesmo com a operação com volume limitado, a importação gera benefício financeiro e ambiental para o consumidor local, pois o valor do MWh importado, proveniente da hidrelétrica de Guri, é cerca de R$ 700 inferior à produção de termelétrica local.

O executivo vislumbra que, num futuro, as importações venezuelanas poderiam, inclusive, atender demandas em outros estados. Segundo ele, a linha que conecta a hidrelétrica a Roraima está passando por uma expansão e terá capacidade para transportar até 750 MW em 2027. “Quanto interligar tudo, poderemos levar essa energia para o Sudeste e ai poderia chegar aos 750 MW (de importação)”. Ele se refere ao fato de que a partir do ano que vem, Roraima deve passar a ser conectada ao SIN.

A Bolt também possui autorização para importar energia da Argentina e Uruguai e fechou recentemente um contrato com a Argentina que viabiliza, de fato, as operações. A empresa também chegou a participar do processo para importação de energia do Paraguai, realizado em 2024, mas que acabou sem que o governo local definisse um vencedor. “Gostaríamos de ajudar o governo paraguaio a fazer algo factível, eles ainda não tem esse know-how”, comentou, acrescentando que outras entidades brasileiras também têm apoiado a iniciativa.

Leilões
A Bolt também se prepara para participar de leilão de reserva de capacidade previsto para ocorrer neste ano. A empresa cadastrou, em parceria com outros empreendedores, projetos que somam 1,7 gigawatt em termelétricas a gás (gás natural liquefeito ou biogás).

O certame estava inicialmente previsto para junho, mas foi cancelado devido à judicialização do processo. A intenção do governo é abrir uma rápida consulta pública com novas regras, de forma a viabilizar a disputa ainda este ano.

Ayala espera que o leilão contrate cerca de 15 GW. “E acho que isso ainda é pouco”, disse, sinalizando com potenciais novos certames no futuro.

Por Luciana Collet – 06/05/2025
Fonte: Broadcast Energia – Agência Estadão