Bolt Energy anuncia a entrada no mercado colombiano e avança na integração energética regional

By Marilia Criscuolo In Bolt Labs

26

jun
2025

A Bolt Energy anunciou expansão internacional com a entrada no mercado colombiano. A operação marca a criação de uma nova empresa do grupo autorizada a atuar no país e representa um novo movimento na estratégia de expansão da companhia. A Bolt já atua no mercado latino-americano realizando importação e exportação de energia para países como Argentina, Uruguai e Venezuela.

A empresa iniciará atividades no dia 1º de julho, com uma operação estruturada de três anos envolvendo parceiros comerciais já relacionados à companhia. A atuação será voltada inicialmente para operações de baixo risco, com contratos definidos e foco em comercialização de energia, utilizando a experiência da empresa em originação de contratos e modelagem de risco.

Em entrevista ao Valor, o CEO da Bolt, Gustavo Ayala, contou que a operação será faseada, incluindo operações de “trading” no mercado atacadista. A companhia pretende explorar a volatilidade e liquidez do mercado operado pela XM, a bolsa de energia colombiana.

“A primeira fase é uma operação estruturada que começa em 1º de julho. Vários ‘players’ que são clientes ou fornecedores da Bolt estão lá. Será uma operação casada de três anos. Estamos em busca de operações de baixo risco para ir conhecendo o mercado colombiano. A segunda estratégia é que lá tem um mercado de tela”, acrescentou.

Para atuar na Colômbia, a Bolt fará um aporte de garantias de US$ 1 milhão para comercializar 20 megawatts-médios de uma usina hidrelétrica. A chegada da companhia ocorre no contexto de esforços do governo colombiano para destravar projetos de energia eólica e solar e ampliar a diversificação da matriz energética.

Ele acrescenta que a Colômbia se destaca pela maturidade regulatória e ambiente competitivo, atraindo o interesse da empresa para atuar no país. O país vizinho produz energia prioritariamente a partir de usinas hidrelétricas, mas que vem investindo na diversificação da matriz com fontes solares e eólicas. Esse
movimento abre novas possibilidades para estruturas mais inovadoras de “trading”. “Não estava nos planos da Bolt o mercado colombiano. Nós fomos provocados por esses ‘players’”, afirma.

Dentro desta estratégia de integração energética no Cone Sul, Ayala diz que em um terceiro momento a empresa mira também em fazer a importação e exportação de energia da Colômbia para o Equador e para a Venezuela. Esse tipo de intercâmbio já acontece entre Brasil e países vizinhos (Paraguai, Uruguai,
Bolívia e Venezuela), mas de maneira ainda tímida.

A União Europeia, por exemplo, tem um tipo de mercado único de energia em que os países equalizam as demandas de acordo com a oferta. Foi isso que salvou a Europa em relação ao suprimento de energia com a falta do gás da Rússia.

No Brasil, a Bolt atua nos mercados livre e regulado desde 2011, além de operar com autoprodução e geração distribuída. Em 2022, iniciou operações de exportação e importação de energia com Uruguai e Argentina, conforme as condições de oferta e demanda.

Em Roraima, a empresa é atualmente o único agente importador de energia da Venezuela, com fornecimento contínuo desde fevereiro. A energia é usada para atender parte da demanda do Estado, que não está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Hoje, o suprimento ocorre principalmente com usinas térmicas a gás natural e diesel.

“A demanda é de 15 megawatts-médios, mas nosso plano é aumentar para 150 MWm. A linha de transmissão tem essa capacidade e a demanda de Roraima é de até 250 MWm. Teoricamente daria para a gente alimentar boa parte do Estado”, diz o executivo.

O volume é pequeno porque existe um receio dos tomadores de decisão do setor elétrico em relação à confiabilidade do fornecimento, já que a Venezuela tem histórico de problemas de equipamento, que no passado causaram apagões locais.

Por Robson Rodrigues – 26/06/2025
Fonte: Valor Econômico